OS BOLCHEVIQUE TOMARAM O PODER!!! (Um curta sobre a volta do "A")

     O elfo magro e o cavaleiro corpulento andavam há quase uma semana pelas matas desvirginizadas de Brasílis. O homem carregando a espada abria caminho através da vegetação espessa e dos monstros, enquanto o arruaceiro se escondia sempre que um combate começava. Mercúrio por si só dava conta das criaturas brasilienses que cruzavam seu caminho, arrancando partes de seus corpos a cada golpe.


     - Mercúrio, faz cinco dias que estamos andando e acho que ainda não saímos do lugar. - DëLito disse ao cavaleiro.
     - É impressão sua! - Disse pegando um curupira no caminho e enfiando o crânio dele numa árvore próxima.


     De fato eles andavam pelos cinco dias a mesma rota, passando pelas mesmas pedras sujas de musgo e troncos com marcas da espada de Mercúrio.


     - Agora vamos por aqui! - O bombado homem mudou enfim a rota virando a direita de onde tinha parado anteriormente para socar a cara de DëLito sem qualquer motivo.


     O cavaleiro agarrou o elfo e o jogou no ombro, depois começou a correr freneticamente na direção do mato. Não era parado por nada, nem pelas árvores no meio do caminho. Mercúrio atirava seu corpo contra elas e contra os monstros derrubando um a um.
     E só parou depois de rolar numa queda, na parte mais baixa da floresta. Tanto o humano quanto o elfo tinha o corpo todo cheio de arranhões e hematomas.


     - Chegamos? - Perguntou o arruaceiro com o rosto sujo de sangue borrando sua maquiagem.
     - Chegamos. - Mercúrio respondeu enquanto um grupo de Kobolds com adornos indígenas brasilienses os cercava.


     O cavaleiro imediatamente entrou em posição de batalha enquanto o elfo se escondia atrás dele. O guerreiro estava pronto para pular e começar um massacre violento quando um som cortou o ar até chegar aos ouvidos de todos presentes:

     "Quuuuuuuuuuuuuuuuiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!"

     Tanto a dupla de loucos, quanto os kobolds, pararam e olharam a mesma direção. Do meio da selva negra um filhote de bafomé usando um cocar e pintura de guerra indígena acompanhando de uma kobold igualmente enfeitada com lindas unhas surgiram fazendo os outros cães guerreiros se curvarem em respeito.


     - Tubias II! - DëLito exclamou de felicidade.


     O pequeno bafomé ao reconhecer o elfo se jogou em cima dele o abraçando. Os monstros ao redor apenas olhavam assustados para a reação de seu líder. Mercúrio entediado com a situação pegou um kobold avulso e torceu seu pescoço.
     Tubias II retornou ao chão e foi falar com a rainha que demonstrava ser sua noiva. Ela assentiu com a cabeça e fez sinal para os kobolds deixarem os dois passarem.
     O filhote os guiou para dentro da vila secreta dos monstros, onde eles foram até a toca do líder. Entretanto a mesma era muito pequena e apenas abaixado DëLito tinha como entrar nela. Mercúrio com seu enorme corpo não tinha como ir para dentro, então ele arrancou o telhado dela com suas mãos nuas.


     - Isso é!? - DëLito arregalou os olhos ao ver o que estava dentro da cabana.
     - É ele. Nós o achamos. - O cavaleiro por sua vez estava indiferente.


     Mas ali estava ele: Sir.Cabrial jazia imóvel num tipo de altar primitivo construído com galhos e folhas. Embora seus cabelos estivessem enormes, as costeletas indo ao chão e uma barba semelhante à de um ermitão, não haviam dúvidas. No tempo que esteve adormecido não havia ninguém que soubesse cuidar de sua aparência. Tubias II não sabia cortar cabelo ou fazer barba e a sua noiva kobold só sabia fazer as unhas, mas as fazia como ninguém.
     Cabrial parecia anos mais velho com aquela aparência descuidada que adquiriu com o coma.


     - Agora é só acordar ele! - Mercúrio pegou sua espada e levantou no ar pronto para acertar no peito de Cabrial.
     - Não faça isso! - DëLito o segurava inutilmente.
     - Chato... - Resmungou guardando a espada.


     O arruaceiro então tirou aquela cabeleira o máximo que conseguia do rosto do outro para poder vê-lo melhor. Em seguida ele o segurou com ambas as mãos e lentamente foi aproximando sua própria face da dele, juntando os lábios prontos para lhe dar um beijo.


     - Bah! - O cavaleiro entediado agarrou o elfo pela nuca e o atirou alguns metros de distância antes que ele pudesse chegar na boca do outro.


     Depois levantou o corpo de Cabrial no ar com seus poderosos braços e o atirou com toda força contra uma árvore próxima. O som da colisão contra o obstáculo fez um som estrondoso que espantou os pássaros próximos e logo depois um longo silêncio. Tubias II, os Kobolds, Mercúrio e DëLito com o nariz sangrando pararam e olharam na direção onde o louco foi arremessado.
     Depois de alguns segundos, finalmente uma resposta surgiu:


     - OS BOLCHEVIQUE TOMARAM O PODER!!!


     O elfo e o homem se olharam com sorrisos que iam de orelha a orelha e falaram juntos:


     - Ele voltou!