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Pela Janela

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Mensagem por Ankou Seg Jan 17, 2011 12:45 am

Bem, olá a todos, bem-vindos à minha fic [?] (tem hífen mesmo?)
Como hoje não estou conseguindo desenhar nada direito, resolvi tentar escrever.
Não tem um super enredo nem nada, é só diversão.

prólogo - Pária.

Assim que seu olhar pairou sobre a palavra, suas irises negras pararam. Pária. Abriu seu antigo e surrado dicionário, exatamente na primeira página da letra P, cuja última palavra era pacnofóbico. Virou mais algumas folhas, com todo cuidado, até encontrar o verbete.

Pária
[Do tâmil pareiyan, 'tocador de bombo'.]
S. m.
1. Filos. No sistema hindu de castas, a mais baixa, constituída pelos indivíduos privados de todos os direitos religiosos ou sociais, quer pelo seu nascimento, quer pela sua exclusão da sociedade bramânica; sudra. [Cf. brâmane (2), vaixá e xátria.]
2. Hindu pertencente a qualquer das castas inferiores.
3. Fig. Homem excluído da sociedade.


Estremeceu. Observou sua sala de estudos e refletiu por um instante sobre aquele significado.

Suas janelas eram grandes e precárias, cobertas por longas cortinas negras. Quase nenhuma luz atravessava os véus escuros, indo pousar sobre o chão. Por isso, seu quarto era repleto de velas acesas, mesmo durante o dia. Cheirava a fumaça. As paredes eram desgastadas e a tinta branca começava a descascar em alguns pontos. Havia também algumas anotações em preto sobre o branco sujo e gasto. Teias de aranha podiam ser vistas nos cantos, com alguns insetos presos a elas. Observar aranhas comendo suas vítimas podia ser quase divertido, não fosse a dificuldade que Ankou tinha para enxergá-las em cantos tão escuros. O pé-direito de seu quarto era alto, dando a quem estivesse lá dentro uma sensação de pequenez e insignificância. Era deprimente.

O que a garota mais gostava em seu pequeno mundo era de sua escrivaninha rústica, esculpida em madeira maciça, e de seus livros e papéis, sempre espalhados ou empilhados por todos os lados. Seu colchão, apesar de surrado, era confortável e trazia a ela boas horas de sono e sonhos.

Com sua breve reflexão, Ankou chegou à conclusão que pária era uma palavra que a descrevia bem.

Largou o livro de leitura e deitou-se na cama, mascando uma erva verde. Cerrou os olhos e respirou fundo, adormecendo pouco depois.

créditos: Dicionário Aurélio séc. XXI digital pela definição, rç


Última edição por Ankou em Seg Jan 17, 2011 12:56 am, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Ankou Seg Jan 17, 2011 12:54 am

avisos (spoilers de fato)
Spoiler:

I. Aeternum vale
“Verão.
A pior das estações do ano: quente, abafada, ensolarada, as ruas sempre cheias de pessoas suadas e fedorentas.”


Ankou riu-se com essa anotação em seu caderno, indo espiar por um buraco na cortina. O sol ia alto no céu azul claro, livre de nuvens. Devia ser por volta de meio-dia. A vista que ela tinha da janela de seu quarto era do cemitério, onde raramente apareciam pessoas.

Naquela tarde em particular, havia uma moça. Alta, magra, de cabelos curtos, negros e lisos. Seus olhos eram grandes e verdes, com uma tonalidade levemente azulada. Possuía cílios longos, negros como os cabelos. Os lábios eram cheios e rosados, e entre eles havia um cigarro. A jovem estava sentada sobre uma lápide de pedra cinzenta e áspera, soltando perfeitos anéis de fumaça. Estava de pernas cruzadas, numa postura relaxada e irreverente.

Suas vestes eram claramente roupas de arruaceira, um pouco modificadas. As mangas estavam rasgadas e alguns pedaços de outros tecidos estavam costurados em todo o casaco vermelho-vivo. Pareciam ter algum significado, como se o rubro sobretudo fosse uma colcha de retalhos, de memórias. Em vez de shorts, calças de couro escuro e brilhante cobriam suas pernas longas e nos pés ela usava saltos-agulha. Estava esperando por alguém, e não era para um duelo. Começava a ficar impaciente, a balançar o pé esquerdo e bufar.

De fato, algum tempo depois apareceu uma cavaleira, montada em seu Peco-Peco. Apeou nos portões do sepulcrário e foi em direção à outra moça, caminhando com altivez. Parecia ser muito rica, com sua armadura dourada, repleta de ornamentos. Seu animal parecia ser muito forte, sua plumagem tão brilhante e chamativa quanto a vestimenta da dona.

A amazona removeu o elmo, deixando seus cabelos ruivos caírem sobre seus ombros e em torno de seu rosto delicado. Fitava a ladina com tremenda avidez. Esta retribuía o olhar, mas exprimia algo totalmente diferente. Indiferença, arrogância. Raiva, talvez.
— Colette. Não falei que viria visitá-la? — Disse a ruiva, levantando uma sobrancelha e sorrindo.
— ... sim, Margot. — Suspirou.

Quando estavam frente a frente, se encararam. A ruiva estendeu os braços e pôs suas mãos atrás da nuca da arruaceira. Puxou-a para cima pela gola do casaco, fazendo com que ela se levantasse da lápide de pedra. Em resposta a isso, Colette deu uma tragada em seu cigarro e soltou uma baforada de fumaça no rosto de Margot, demonstrando desinteresse.
— Não quero mais participar de seus jogos. Suma daqui antes que eu acabe passando mal com essa merda toda. Ou pior.
— Então por que veio me esperar? — Seu riso era estridente.
Colette sibliou, seu fitar era venenoso e feroz, como o de um animal encurralado e ferido.

Ankou desviou os olhos. Sentia que algo terrível estava para acontecer ali, e isso só a deixou mais curiosa. Pôs uma erva amarela na boca. Soltou uma risada para si mesma, cheia de expectativa, voltando a observar a cena com ainda mais interesse.
Agora Margot parecia estar sussurrando ao ouvido de Colette, que olhava para o chão e parecia não estar prestando atenção. Sua mente estava longe dali... “onde estariam seus pensamentos?” perguntava-se a observadora de cabelos brancos. Notou o movimento da mão da arruaceira, indo para dentro de um bolso do sobretudo. Ela meneava com a cabeça, começando a sorrir tristemente. Respondia algo, cochichando.

Os olhos de Colette estavam marejados. Ela olhava para cima, tentando não chorar. Pensava no dia em que tudo começou a ruir e seu coração acelerava.
— Ei, Margot... eu só queria saber... por quê? — Indagou a morena, com um tom carregado de dor.
— Eu não sei. — Respondeu a amazona, após alguns segundos de reflexão.
Ninguém nunca sabe.
— Então estamos no lugar certo, querida.
Dizendo isso, tirou sua Damascus do bolso e cravou no peito da ruiva, entre duas placas de metal dourado. Torceu a lâmina e a arrancou, permanecendo imóvel em seguida. Margot arregalou os olhos, agarrando-se à ladina, tossindo sangue sobre as costas dela, tingindo sua roupa de um vermelho ainda mais profundo. Momentos depois, caiu por terra, agonizando e balbuciando palavras ininteligíveis. “Ele foi persistente” foi tudo o que a assassina ensanguentada conseguiu compreender enquanto o gramado do cemitério sorvia a vida de sua amada, em forma de líquido carmesim.


Última edição por Ankou em Seg Jan 17, 2011 6:55 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Shiki ~ Seg Jan 17, 2011 12:39 pm

Mais uma Fic!! Boa sorte com ela \o/, quero continuar lendo.

Está bem interessante, é o tipo de livro/fic que gosto, prende a leitura.

A moça tinha uma amada? Hmm, então a fic é um shoujo-ai em partes?
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Mensagem por Rafael "Kyest" M. Seg Jan 17, 2011 1:15 pm

WOW!

Muito bom Ankou, uma das fics que me deixou mais interessado até agora ^^

Como o Shiki disse, tomara que não faça como a maioria (inclusive eu), que começa uma fic e nunca acaba. Vou acompanhar xD
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Mensagem por Ankou Seg Jan 17, 2011 8:13 pm

@Shiki
haha, muito obrigada! :D
Interessante você dizer que prende a atenção, é o que eu sempre fico pensando quando estou lendo/escrevendo/relendo meus textos ~
Sim, é meio shoujo-ai, mudei lá nos avisos rç

@Kyest
Uau, que bom que gostou tanto XD <3
Espero que isso não aconteça, embora eu tenha uma certa tendência a deixar projetos inacabados...

@all
curiosidades [?]
Spoiler:
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Mensagem por Shiki ~ Seg Jan 17, 2011 9:23 pm

Que interessante :3, "Improve your Latin" :D.

Pacnofóbico eu já sabia XD, fiquei duas horas atrás de nomes de fobias na net durante a aula de informática >_>.

Ankou eu achei que era só um derivado de 'Anko', um nome japonês(Algo com doce de feijão XD). Tem aquele detalhezinho básico da pronúncia prolongada da letra em casos como "sensei","ohayou", pensei que fosse o caso. Vou pesquisar mais mitologia bretã.

PS: Ah, não ache que é preconceito com shoujos-ai >_<, é só uma observação \o/.
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Mensagem por Ankou Seg Jan 17, 2011 9:27 pm

@Shiki
Meu pai está estudando latim, acho que vou tirar proveito disso no futuro e-e

Haha, antes de escrever a fic eu não sabia... embora tenha lido um livro que se chama "Paranoid's Handbook" ou algo assim, cheio de nomes estranhos de fobias mais esquisitas ainda.

Pois é, parece o-o btw, Mitarashi Anko (Naruto) era minha personagem favorita durante uns tempos. Foi ela umas das primeiras pessoas que desenhei na vida XD eu só desenhava animais antes disso.

Não, não interpretei assim, mas achei que devia colocar de aviso, sei lá. [?]
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Mensagem por Ankou Seg Jan 17, 2011 10:58 pm

novo capítulo saindo do forno ~
pequeno, mas prometo que estou escrevendo o próximo agora mesmo.

II. Cornix cornici oculos non effodiet
Ankou estava praticamente com o nariz encostado no vidro da janela. Mastigava rapidamente, de olhos bem abertos. Não acreditava no que via, era muita sorte um acontecimento tão interessante se passar em seu cinema particular.

Colette permaneceu mais um tempo sobre a lápide, fumando mais um cigarro e olhando para o céu. Não parecia incomodar-se nem um pouco com seu estado ou com o corpo a sua frente. Pelo contrário, aparentava estar mais tranquila do que antes do encontro. Ao terminar de fumar, jogou a bituca sobre o cadáver ainda quente e deixou o local.

De súbito, a observadora levantou-se e caminhou até a porta de seu quarto, destrancando-a e saindo para o amplo corredor. Desceu as escadas de pedra, indo para a nave principal da Igreja. Sentia ânsia passando por aquele lugar sagrado e se apressou para sair.

Chegando lá fora, piscou os olhos, ofuscada, tampando a luz do sol com as mãos. Olhou para a esquerda e viu o Peco ali, parado na grama. Ele carregava todos os equipamentos da recém-finada Margot. Sorte grande. Ankou aproximou-se com cautela da criatura. Notando que o animal não demonstrava ser perigoso, relaxou um pouco. Quando estava para encostar as mãos no enorme escudo metálico que estava sobre o Peco-Peco, escutou a voz de Colette atrás de si. Virou-se para trás, tensa. Observou que a arruaceira estava sob a sombra de uma árvore, brincando com a caixinha de tabaco.

— Esse escudo é bom mesmo. Vi Margot passar por muita coisa usando ele. — Acendeu outro cigarro, dando uma tragada — Está vendo esses cravos? São perigosos, ferem todos que tentam atacar o usuário do escudo. — Disse, soltando fumaça enquanto falava.

A primeira reação que passou pela cabeça da garota foi a de fugir ao ser pega roubando os equipamentos da morta, mas ao escutar o que Colette dizia, suspirou aliviada. Mesmo assim, não respondeu, apenas assentiu lentamente com a cabeça, avaliando com o olhar os cravos pontiagudos presos ao escudo.

— E aí, moça, vai levar? — Colette riu. Conversava como se fosse uma comerciante fazendo propaganda de sua mercadoria. — Qual é o seu nome?
— Me chamam de Ankou.
— Ah. — Ergueu as sobrancelhas. — Interessante. O meu nome é Colette Martel.

Embora a garota já soubesse disso, fingiu estar ouvindo uma novidade. Resolveu apropriar-se dos armamentos da cavaleira. Além do belo escudo, havia uma Tsurugi nova em folha, uma Máscara do Fantasma e um Sakkat. Mais tarde checaria se havia alguma parte que pudesse aproveitar da armadura dourada – era chamativa demais para usar.

— Você saiu de dentro da Catedral, mas não me parece uma noviça nem nada do tipo.
— E não sou. Moro lá dentro, no scriptorium abandonado do segundo andar.
Apontou para a janela de seu quarto. Vista de fora, era uma janela de vitrais coloridos como todas as outras, apenas um pouco mais escura.
— Parece que todos dão mais importância a Deus do que aos livros. — Denotou a pequena garota, inconformada. A ladina sorriu, soltando alguns anéis de fumaça cinzenta.
— Muito mais do que a Deus ou aos livros, todos dão importância ao poder. — Parou por um momento, olhando para um anel de caveira em sua mão, sua expressão soturna. — Creio que da sua janela conseguiu ver muito bem o assassinato... deve estar se perguntando o porquê. Se tiver tempo e vontade, eu te conto a história. Gostei de você.

Escutando isso, Ankou franziu o cenho, desconfiada. Quantas vezes na vida ouvira “gostei de você”? Pois é, nenhuma, até aquele instante.

Por fim, a curiosidade venceu a desconfiança.

— Conte-me.
— Ah, que bom que aceitou. — Sorriu, parecia contente. — Contarei, mas só se me encontrar no cemitério amanhã, ao nascer do sol. Feito?
— Combinado. — Retribuiu o sorriso timidamente.
— Então vou para casa, me livrar desse sangue todo.
Colette desapareceu após sair do abrigo da árvore.
Começava a anoitecer em Prontera. Pequenas estrelas despontavam na abóbada celeste com um brilho tímido, enquanto a lua minguante já estava reluzente e alva.
— ... é uma boa, pois você está cheirando a carniça, sinceramente.

EDIT: nos próximos capítulos deixarei as curiosidades para vocês acharem...
bom trabalho Shiki ~


Última edição por Ankou em Ter Jan 18, 2011 2:20 am, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Shiki ~ Seg Jan 17, 2011 11:06 pm

Thief Attacks! Strike One, A Shield! Strike Two, a Sword! Strike Three, two hats!

3 hit combo \o\!Essa aí não perde tempo heim, o corpo nem esfriou e já looteou. Mas vamos ver a história de Colette. Esse nome me lembra a máfia /hmm. E vamos lá corvos, não arranquem os olhos dos seus .=.

PS: Definiu ela como zoombie mesmo? Reparei nas reações fisiológicas ao lugar sagrado .-.

Aguardando cap. 3
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Mensagem por Ankou Ter Jan 18, 2011 6:07 pm

III. Felis qvi nihil debet

5 da manhã. O horizonte começava a se tingir de vermelho-sangue e a mais bizarra habitante da Catedral já estava acordada, em frente ao edifício.
Na noite anterior, após despedir-se da arruaceira, Ankou havia vasculhado o corpo. Acabou levando apenas o dinheiro que ela carregava e uns envelopes que tinha no bolso, para averiguar seu conteúdo mais tarde. Não se preocupou em avisar ninguém sobre o cadáver.

Que os corvos o tenham, pensou ela.

Nesta manhã, o corpo não estava mais ali, graças ao coveiro que trabalhava durante a madrugada. Havia um retângulo novo de terra remexida no sepulcrário, com uma tosca cruz de gravetos fincada no solo. A temperatura era fresca e uma neblina fraca pairava sobre as lápides, dando ao lugar um ar fantasmagórico. A porção de terra na qual o corpo esteve jogado durante horas estava com a grama amassada e suja de sangue.

Ankou não teve de esperar muito, pois Colette foi pontual. O mais pontual possível quando não se tem a hora exata do nascer do sol, é claro. Elas se sentaram na grama, encostando-se a uma lápide maior que as outras. Na verdade, essa em particular era uma estátua de alguma espécie de anjo, com grandes asas de mármore, que se abriam sobre as duas jovens. E então a arruaceira iniciou sua narrativa.

Vale mencionar que durante a história, Colette fumou aproximadamente meio maço de cigarros.

"Tudo começara há dois anos, quando ela se mudara para Prontera.
Era uma tarde chuvosa de primavera. Uma fina garoa caía sobre os telhados alaranjados das casas da cidade. A capital de Rune-Midgard parecia tão imponente para alguém que havia morado a vida inteira em Morroc. Colette ainda era uma gatuna, prestes a fazer o teste para tornar-se uma arruaceira. Decidiu que estava na hora de conhecer uma cidade grande e rica, e depois de arrumar uma pequena sacola com roupas e um pouco de comida, partiu.

Perdeu-se logo que chegou à metrópole, à procura de um lugar para dormir. A garoa se transformara em tempestade, que fustigava impiedosamente a jovem estrangeira. Adormeceu na rua, ensopada e bêbada, porque “não tinha como dormir na rua sem encher a cara”. Pelo menos teve a sorte de não ser roubada durante a noite e nem morrer de hipotermia.

Ao acordar, Colette se sentia horrível. Parecia mais com um trapo úmido e sujo jogado no chão do que com uma pessoa. Além disso, adoecera e estava de ressaca. Então, a gatuna avistou alguém que lhe chamou a atenção. Uma cavaleira com um jeito arrogante, de nobre e mimada. Sua armadura era dourada, bastante chamativa e resplandecia sob o sol matutino."

— Você viu o tipo, não, Ankou? O modo de andar, o nariz empinado.
A garota de cabelos brancos assentiu, recordando-se da imagem da amazona.

"A guerreira parecia uma vítima perfeita para um assalto: rica e distraída. Ledo engano; quando Colette surgiu atrás dela, foi vista. Congelou no ato, nunca tinha sido notada antes e não sabia o que fazer.

A cavaleira falou, seu tom era forte e desafiador, carregado de ameaça.
— Se quer me roubar, vai ter que me matar antes. Vamos duelar – Disse, enquanto puxava a gatuna pelo braço para fora da cidade. Passaram por entre multidões de pessoas, esbarrando nelas. No entanto, ninguém ousava reclamar dos empurrões ao ver Margot, a herdeira dos Roux, arrastando mais uma vítima. Colette notou o medo estampado no rosto dos habitantes da capital e começou a pensar que seria aquele o desfecho de sua vida: um duelo.

Quando chegaram à floresta, a amazona empurrou a outra jovem com força para o meio da mata. A ladina caiu de bruços na relva e se levantou o mais rápido que pôde, virando-se para encarar sua captora. Notou que Margot agora empunhava uma Tsurugi nova em folha. Como proteção, tinha o famoso escudo de cravos e sua armadura impecável. A viseira do elmo estava abaixada. A ladina tinha a impressão de estar vendo um golem modificado.
De sua parte, Colette tirou a Damascus da bainha e pegou o broquel que tinha às costas. Em posição defensiva, ficou observando sua adversária. Estava a uns cinco metros de distância, numa posição um tanto relaxada para quem estava duelando.

Caso não estivesse em uma situação de vida ou morte, a nativa de Morroc teria reparado na beleza rara daquele momento. A luz do sol passava por entre as folhas das árvores, conferindo um tom esverdeado ao entorno. Pequenas flores silvestres salpicavam a grama vívida que cobria todo o chão.

Margot riu, parecia estar se entretendo com aquela situação. Repentinamente, ela avançou sobre a gatuna, tão veloz que não foi vista. Desferiu um corte diagonal e ascendente, que teria cortado a ladina ao meio se ela não tivesse dado um passo para trás com o susto. A Tsurugi atingiu a Damascus em cheio, mandando-a pelos ares. No instante seguinte, a lâmina da espada de Margot tocava o pescoço de Colette."

— Eu apenas olhava, estupefata e aterrorizada. Engoli em seco, refletindo por um instante sobre outros duelos que tive. Nunca tinha sido derrotada tão facilmente! Em minha terra natal, eu costumava lutar com outros gatunos e me saía muito bem... mas nunca com uma cavaleira armada até os dentes.

"Novamente a ladina foi surpreendida ao ver que a oponente guardava as armas e retirava o elmo. Estava paralisada. Acho que foi o olhar dela, eu nunca tinha visto nada igual. E admito que até hoje não vi nada que exercesse tanto poder sobre mim.

— Parece que você perdeu. Não vou matá-la... não vale a pena me sujar de sangue por causa de um assalto mal-sucedido. Se cuida. – Ela se voltou para o portão da cidade, caminhando na direção deste.
Colette arregalou os olhos, como se tivesse acabado de acordar.
— Ei, espera... quem é você?
A cavaleira sorriu com o canto dos lábios finos. Parecia ter enorme satisfação em se apresentar e de fato, o fez com prazer.
— Meu nome é Margot Roux, sou a herdeira da fortuna da família. E de hoje em diante, você me deve sua vida."
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