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Diario de um Emancipado

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Mensagem por SniperMaizena Ter Nov 23, 2010 9:35 am

Não tem nada haver com o rag mas é engraçado
Créditos da Aninha(Falcon Elleanor) que postou isso no antigo fórum da Milícia de Morroc.

15 de dezembro: Já estou decidido: estou farto, e vou cair fora do ninho materno. Meus pais asfixiam minha personalidade, impedem minha formação adulta em completa liberdade. Já não suporto tanta tirania opressora, sua necessidade de me encher de obrigações. Tudo isto acabou: estou pulando fora.


1 de janeiro: Eu e mais dois amigos alugamos um apartamento, e hoje nos mudamos. Sou livre! A partir de agora não terei que fazer minha cama todos os dias, não terei que mentir a ninguém para dar explicação de onde estou nem a hora que voltarei para casa. Liberdade!

Esta noite vamos celebrar preparando nossa primeiro jantar em casa.


2 de janeiro: Nenhum de nós sabe cozinhar. Ontem à noite queimamos a comida, e não teve forma de desgrudar os restos do fundo da panela, por isso jogamos tudo no lixo. Mas sem problemas: pedimos uma pizza e hoje de manhã tomei o café no bar debaixo com um sanduba de mortadela delicioso. Ah... a liberdade, a independência... maravilha.


10 de janeiro: Ricardo arrumou uma namorada que vai lá em casa todas noites. É genial ver os dois juntos, tão felizes, desfrutando de completa independência em sua relação; e ela se encanta com nossa situação de solteiros emancipados. Por que esperei tanto tempo para sair de casa?


15 de janeiro: Luisão e eu tivemos nossa primeira bronca porque às 5 da manhã ainda não tinha voltado, e eu já estava muito preocupado. Quando finalmente apareceu, estava bêbado como um gambá e vomitou pela sala toda. Esta manhã o repreendi (podia pelo menos ter ligado né?), ele me mandou tomar no rabo e disse que eu não sou sua mãe. Como pode ser tão irresponsável?

O vômito foi fácil de limpar, já que a sala possui um prático ralo. Uma boa mangueirada e assunto resolvido.


22 de janeiro: Começo a pensar que meus colegas de apartamento são um tanto descuidados com a limpeza. Os pratos acumulam-se no tanque, o ralo do banheiro já não escoa, toda vez que vou cagar não encontro papel higiênico. Quando comentei de organizarmos turnos de limpeza, me disseram que não se importam com a sujeira, que não se emanciparam para ficar limpando casa. É, têm razão: respeitarei sua almejada liberdade como eles respeitam a minha.

Já não restam caçarolas, vítimas de nossos experimentos culinários. Começo a ficar farto das pizzas.


27 de janeiro: Luisão e eu demos um ultimato no Ricardo: ou larga a sua namorada folgada, ou que vá encontrar com ela na puta que pariu. A menina é insuportável: geme desesperadamene a noite inteira e não nos deixa dormir, no café da manhã toma todo o nosso leite e deixa a caixa vazia na geladeira, a enxerida tomou posse da minha cadeira do papai, deixa calcinhas e mais calcinhas na máquina de lavar roupa como se ali fosse uma lavanderia. Hoje foi a gota d'água: uma absorvente entupiu o vaso e ninguém quer assumir a responsabilidade.

Nem Luisão nem eu pensamos chamar o encanador, Ricardo acabará cansando e cederá...


2 de fevereiro: Meu chefe advertiu-me hoje no escritório sobre meu aspecto: camisas amarrotadas, trajes cheios de manchas, cheiro desagradável... Como se nota, ele se emancipou somente para casar. Vai Se Fuder babaca!!!


16 de fevereiro: A merda tem transbordado nosso apartamento, a geladeira já não abre mais, o forno está cheio de caixas de pizza, no tanque uma coisa verde emergiu e nos olha ameaçadoramente. Há umidade por toda a casa, o pó não nos deixa ver a TV, há um cheiro azedo por todo o apartamento. O banheiro é insalubre: o ralo não engole mais nada, o vaso continua entupido e para pentear-se é necessário limpar o mofo do espelho com a mão.

A situação está ficando insuportável. Vamos ter que conversar os três muito a sério.


25 de fevereiro: Um catador de papel praticamente me beijou a mão quando pedi que fosse até o apartamento para pegar as caixas de pizza. Pediu fornecimento exclusivo.

Por outra lado já estou até as tampas de tanta pizza, só que agora temos que pedir mais, porque a Coisa Verde do Tanque já exige sua parte, e nos dá pânico que comece a se sentir faminta.

Esta noite vamos falar muito seriamente sobre a limpeza: tentarei ser compreensivo.


27 de fevereiro: Luisão e Ricardo são dois filhos da puta. Negam-se a limpar e vivem muito felizes em sua imundície. A roupa suja acumula-se em todas as superfícies possíveis, e o cheiro é repugnante. A Coisa do Tanque começa a agir de forma inteligente. Estou ficando preocupado.


28 de fevereiro: Ricardo e sua noiva terminaram. Esta manhã ela entrou no lavabo e foi agarrada pelos tentáculos que emergem do vaso, mas Luisão contra-atacou com suas meias e conseguiu salvá-la. A moça foi tomada por um ataque de histeria e saiu gritando batendo a porta chamando-nos de porcos.


2 de março: Meu chefe deu-me a última advertência: ou tomo banho e reponho meu vestuário que é uma massa de farrapos ou eu vou parar na rua. Otário!


6 de março: Os tentáculos do banheiro desapareceram, e a coisa do tanque engordou de forma simultânea. Suspeitamos que ela se desloca pelo apartamento quando não estamos. Ricardo disse que noite dessas ouviu seus passos arrastados no carpet. Luisão disse que são os ratos que também têm seu direito a fazer exercício.

Eu não sei o que pensar, mas temo que aprenda a abrir portas, por isso bloqueei a do meu quarto com uma montanha de lixo.


15 de março: Hoje fui despedido por chegar atrasado. Eu não tenho culpa se o taxista não suportou meu fedor e impediu que eu entrasse no seu carro, já o moto-boy, com a mão do nariz, disse que não poderia me levar pois desconfiava que eu estava cagado.


27 de março: Encontrei trabalho recolhendo o lixo num caminhão. Meus amigos do escritório não entendem que a liberdade exige alguns sacrifícios no status social.

Os passeios noturnos da Coisa do Tanque prosseguem, os ratos desapareceram. Estou muito... muito preocupado.


29 de março: Cortaram a água porque o rapaz que faz a leitura do hidrômetro não se atreve a subir. Sem problema: usaremos água mineral, e já faz meses que não tomamos banho mesmo, então não faz muita diferença.

Hoje apareceu uma massa gelatinosa marrom no canto da sala de estar, sua procedência resulta-nos um enigma apaixonante. Achamos que a Coisa do Tanque apropriou-se da TV, mas não temos provas conclusivas para acusá-la, já que talvez ela possa estar debaixo de alguma das montanhas de lixo.


2 de abril: Ricardo desapareceu. Ontem à noite fomos todos dormir e pouco depois escutamos um rugido e um barulho arrepiante. Luisão e eu gritamos por ele esta manhã para ver se estava embaixo de alguma das montanhas de roupa e lixo, mas não tivemos sucesso.

A Coisa do Tanque sorri com grande satisfação, mas não queremos ofendê-la fazendo acusações sem provas. Estou realmente muito preocupado.


21 de abril: Voltaram a despedir-me, desta vez porque meus colegas do caminhão do lixo não suportavam meu cheiro nauseante. Não acho que nestas condições possa encontrar outro trabalho.

Já não suporto as pizzas. Vou falar seriamente com Luisão. Os vizinhos abandonaram o edifício e a polícia não se atreve a subir para pesquisar o desaparecimento do Ricardo.

Começamos a utilizar a massa gelatinosa marrom da sala como uma prática mesinha auxiliar.


23 de abril: A Coisa do Tanque abandonou-nos: disse que estava farta de pizzas, que já não suportava a situação, que somos uns porcos. Ela conseguiu tirar seus 630 quilos do tanque e se arrastou até a sala; depois saiu batendo a porta sem sequer olhar para trás. Luisão e eu vamos sentir saudades: a casa está muito silenciosa sem ela.


25 de abril: Hoje levantei-me rebelde e, aproveitando meu desemprego forçado, comecei a limpar a casa. Raspei com espátula a merda das paredes, joguei ácido sulfúrico em todos os ralos (não sei se os encanamentos agüentarão, mas depois de jogar soda cáustica só consegui escutar um sonoro arroto). O vizinho do lado esqueceu o maçarico, mas nem com ele consegui abrir a porta da geladeira. Três caminhões do serviço de recolhimento de lixo começaram a retirar os resíduos de nosso apartamento.

Encontramos os restos descompostos do Ricardo debaixo de sua cama. O delegado disse que morreu de um infarto natural. Coitado. E nós acusando a Coisa do Tanque... que vulnerável e injustiçada ela deve ter se sentido.

Onde estará? Que será de sua vida? Por que não liga nem escreve? Afinal a gente a viu nascer e crescer, e num dia qualquer a ingrata foi embora... nos abandonou...


30 de abril: O apartamento está mais ou menos limpo, e os andares do edifício voltaram a ser ocupados. Encontramos outro colega de apartamento, Emílio. Combinamos de organizar turnos de limpeza e de lavar a roupa para evitar que a situação se repita.


12 de novembro: Encontrei com grande alegria meu diário debaixo de alguns escombros e restos de lixo. A situação é insustentável: o apartamento voltou a estar como há alguns meses e já divisamos uns olhos pequeninos no tanque. Os dois colegas sacanas empenharam-se em não limpar nada. Sigo desempregado, e já não temos vizinhos novamente.


15 de novembro: Voltei para a casa de meus pais, que ficaram com dó ao ver meu lamentável estado. Depois de tomar um demorado banho, onde mamãe ajudou-me a tirar a craca de quase um ano, fui para minha confortável e cheirosa caminha de solteiro.

Mamãe trouxe-me um consomê de verduras com bacalhau ao molho de alcaparras para tomar na cama. A emoção me embargou. Voltei a ser livre, volto ao lar onde não há responsabilidades, onde minha mamãe me protege de tudo!

Independência? E quem é que quer saber desta merda?
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Mensagem por Lothar S. Mustang Seg Nov 29, 2010 12:28 pm

ausahsahsha

Ótima história xD
A Coisa do Tanque é o melhor personagem, pena que ela se foi y_y
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Mensagem por Samael Kusanagi/Jurougumo Seg Nov 29, 2010 3:31 pm

ahushaushaushaushasuahsuh

adorei a historia muito boa xD

tem continuação?
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Mensagem por Acer Seg Nov 29, 2010 4:10 pm

Coisa do Tanque, volte. ;_;
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Mensagem por Willen Seg Fev 28, 2011 12:12 pm

Diários...eu adoro diários...não sei por que xD
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